segunda-feira, 11 de maio de 2009

As vantagens comparativas do Brasil. Será que agora vão acreditar?

As vantagens comparativas do Brasil. Será que agora vão acreditar?

Prof. Luiz Marins

Um indiano enxergou o que o brasileiro não quer ver.

Quem me acompanha sabe que há anos – desde meados dos anos 90, quando Mickey Kantor, assessor do Presidente Bill Clinton lançou, em 1994, a sua lista dos Big Emerging Markets, BEM, com 10 países emergentes que prosperariam no início do século XXI; até quando o banco Goldman Sachs, em 2003, divulgou seu estudo sobre os BRIC Countries, Brasil, Rússia, índia e China – venho tentando mostrar as vantagens comparativas do Brasil sobre os demais países emergentes, especialmente em relação à China e à Índia. Sempre fui tido e havido como ingênuo, sonhador e objeto de outros adjetivos menos simpáticos, como charlatão das palestras ou ilusionista das palavras. Desde o início dos anos 90 tenho falado para integrantes do Congresso Nacional, deputados e senadores, para integrantes das Forças Armadas, para publicitários, empresários no Brasil e no exterior sobre os dados do mercado brasileiro, da realidade cultural brasileira, de nossa condição geopolítica, dos números de nossas pesquisas, de nossos índices de crescimento e desenvolvimento nas regiões pouco conhecidas. Todas as vezes que falei, procurei comparar o Brasil com outros países, principalmente com a China, Índia e mesmo com países da Europa e América do Sul e até com a Austrália.  Meus dados correram a Internet em todo mundo e até hoje podem ser vistos – embora já estejam desatualizados – passados tantos anos. Publiquei artigos como "Vale a pena investir no Brasil" e "Vão Invadir o Brasil" em inúmeras revistas e jornais. Sempre tido como sonhador e um visionário inconseqüente.

 Eis que a revista VEJA, em nas páginas amarelas (págs. 11 a 15) da edição número 1953, de 26 de abril de 2006, traz uma entrevista com o economista indiano Vinod Thomas, cuja chamada é "O economista indiano diz que o Brasil pode deixar Índia e China para trás se fizer o pouco que falta para deslanchar de vez".

 Thomas lançou um livro "luminoso" segundo a revista VEJA, chamado O Brasil Visto por Dentro. Segundo a própria reportagem, o livro foi saudado pelo americano Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia, como um livro fundamental para entender o país.
 Mais de dez anos depois de minhas considerações tupiniquins, esse nobre economista indiano, afirma exatamente as mesmas coisas que eu sempre disse, com base, exatamente, nas mesmas fontes do conhecimento, à disposição de qualquer pessoa que queira estudar e enxergar: "Arrisco-me a dizer que as possibilidades do Brasil são até melhores que as da China e as da Índia, a médio prazo... Parte do sucesso da China tem a ver com o fato de o país ainda possuir um regime autoritário.... Essa situação, no entanto, é insustentável a médio prazo".

 Falando da Índia, Thomas afirma: "o meu país tem que fazer outra revolução igualmente social, numa escala inimaginável para os padrões brasileiros. A Índia tem 250 milhões de pobres, o que significa mais que um Brasil inteiro de miseráveis".
 O autor de O Brasil visto por dentro continua fazendo comparações das vantagens do Brasil com quase todo o mundo em desenvolvimento e chega à conclusão de que os desafios do Brasil são muito mais simples do que os dos outros competidores internacionais. "Não há nenhuma revolução envolvida, apenas quatro ou cinco áreas de reforma" bastariam para transformar o Brasil num grande competidor.

 Repito o que venho dizendo há anos. Não se trata de dizer que o Brasil é uma maravilha, um paraíso, um país sem problemas. O que é preciso é que nós, brasileiros, conheçamos com mais profundidade as outras realidades e também a nossa, com base em números concretos, pesquisas sérias, desapaixonadas politicamente e compreendamos nossas vantagens comparativas para que, com seriedade, possamos trabalhar para ampliá-las. O hábito que temos e cultivamos de só falar mal do Brasil e de pensar que tudo aqui é pior do que no resto do mundo, precisa ser erradicado. Enquanto esse hábito for cultuado, dificilmente encontraremos o espaço necessário para discutir nossas vantagens comparativas e conseqüentemente enfrentar "as quatro ou cinco áreas de reforma" que cita o economista indiano.

É preciso que entendamos a diferença filosófica entre Estado, Nação, Pátria e Governo, para que a discussão prospere. Não se pode confundir o Brasil com os governos de plantão e com essa confusão ficarmos impedidos de falar bem do Brasil como Nação como vimos acontecer a todo instante, empobrecendo a discussão dos rumos que devemos dar ao Estado e à Nação.

É preciso que voltemos a estudar nossos valores culturais para preservá-los. Num mundo de fundamentalismos e intolerância, o Brasil se apresenta com diferenças marcantes e positivas. É preciso que conheçamos e estudemos melhor nossas próprias experiências de sucesso no campo empresarial e do empreendedorismo para que passemos a copiar de nós próprios e não vivamos em busca de modelos externos.  Vamos ver se agora, pelas mãos de um economista indiano, passemos a enxergar as reais e concretas vantagens comparativas do Brasil e trabalhar para ampliá-las.


Nenhum comentário:

Postar um comentário